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Complexo de Rejeição – Desacelerando o Mecanismo de Autossabotagem

Atualmente, um dos maiores motivos – se não o maior- que leva as pessoas buscarem por terapia é o episodio de em algum momento ou fase de sua vida, terem vivido algum tipo de rejeição.

Adultos em relação a seus parceiros afetivos e colegas de trabalho, jovens em relação a amigos, filhos em relação aos pais. Independente do contexto, sempre há uma percepção de não ter sido satisfatoriamente considerado por alguém ou grupo.

Ao voltarmos para nosso passado, consideramos que vivíamos em um ambiente hostil, com necessidade de sermos aceitos pelo bando, para assegurar a possibilidade de nossa existência. Nos mantermos próximo ou aceitos pelo grupo, nos garantia alimentação, reprodução e proteção.

Estudos da neurociência, consideram que nosso cérebro ao perceber uma situação ameaçadora, cria um mecanismo automático de defesa semelhante ao de satisfazer nossas necessidades fisiológicas, de unir os três fatores. Assim, ao emitir esse alerta, nosso sistema metal busca rapidamente agregação ao bando e desativa o sistema de busca de proteção.

Dessa maneira, nos dias de hoje, quando nos ocorre a percepção de não sermos aceitos e integrados à equipe, o sistema emite alerta, informando-nos a respeito do problema que precisa ser resolvido. Importante destacar que isso também ocorre em outros sistemas comportamentais afim de evitar frio, calor, fome, buscar o sono.

Assim sendo, qual é a relação entre o mecanismo biológico de rastreio de proteção e o sentimento de rejeição pessoal? Dissemelhante ao passado, hoje não temos que brigar ou competir por alimentação ou proteger um território especifico da invasão de animais ferozes, o cérebro ao deparar com o desconforto ele procura dar algum argumento ao sentimento.

Como seres naturalmente pensantes, nosso mecanismo comportamental não age mais separadamente e assim a mente procura de alguma forma, entender a não aceitação ao grupo( ou alguém especificamente).Associando nossos complexos e recalques intrínsecos nas situações de não pertencimento e aceitação ao grupo, tendemos a fazer associações distorcidas dos motivos. Melhor dizendo, associamos que não fomos aceitos por algum motivo particular, desencadeando ansiedade de toda uma vida. “Isso [rejeição] ocorreu porque não sou inteligente suficiente, ou sou muito inteligente, porque estou fora dos padrões de beleza estabelecidos socialmente, porque sou inibido, porque não tenho dinheiro” etc. Em momentos assim, não importa a justificativa que conseguimos dar a esquiva, acabamos por delinear pior aos eventos, graduando a sensação de inconveniência e fazendo com que nos sintamos ainda mais inadequados.

É curioso, mas esse teor interpretativo é possivelmente desmoronado na psicoterapia. Toda queixa de aversão, ou negligencia social, sob a análise cuidadosa e recuada do psicólogo, rapidamente desmonta e mostra-se uma compreensão parcial a favor do paciente.

Em conclusão, resultante de convicção parcial e emocional da realidade. Em ultimo recurso, não significa que em alguns momentos não somos rejeitados, mas nossa vulnerabilidade consegue distorcer as vivencias tornando-as piores, nesse momento, perdemos nossa capacidade de proceder. Diante de circunstancias assim, inicia-se um circulo vicioso , fundando defeitos antigos a recentes, inquietudes se ligarem a falhas perdurando de forma infindável um processo de nos sentirmos vítimas das situações. Por conseguinte, é aqui que inicia a verdadeira importância da psicoterapia.

Reconhecer que carregamos uma tendência de interpretação contestável que precisa de forma urgente ser modificada.

Ao ler o mundo sob a perspectiva que cada um oferece aquilo que tem para nos dar, aprende-se que cada um, ainda que adversos, nos oferece aquilo que tem.

Dessa forma, é possível as pessoas não nos rejeitarem, estrategicamente falando, mas apenas e tão somente não consigam das aquilo que tanto precisamos. É mais sensato compreender que, se houver alguma falha, a dificuldade esteja no outro e não em nós mesmos.

Um antigo ditado diz: liberdade é não nos sentirmos vítimas do ambiente. Não entregue a ninguém a força de ser responsável por seu bem estar. Se agir assim, você não conservará seu mecanismo de rejeição pessoal.

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