Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “Choro”.
Durante muito tempo, supôs-se que o choro era algo a ser evitado, para demonstrar bravura e coragem. De maneira machista, chorar era tido como um atributo quase exclusivamente feminino. A frase antiga, ouvida na escola, na rua, na família, tinha algumas variações, porém o mesmo sentido: “homem não chora”, “chorar é coisa de menina”, “está chorando igual a uma menininha”.
Essa ideias, felizmente, foram sendo mudadas. O machismo, ainda não extinto, vem perdendo fôlego. A noção de que o choro, como capacidade de expressar sensibilidade, não deve ser descartada. Por outro aspecto, o choro é um sinal de que algo não vai bem. O escritor William Shakespeare dizia: “O choro diminui a profundida da dor”. A situação de dor profunda faz com que haja um extravasamento quando o choro vem à tona. Os cristãos, no Evangelho de Mateus, capitulo 5, versículo 4, ao citar as bem-aventuranças, lembram de uma delas que está ligada a isso: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”, isto é, o choro como possibilidade de sinalizar para as outras pessoas, para aquilo que está a nossa volta ou para nós mesmos, que alguma coisa não vai bem.
Por isso, chorar, não como algo contínuo, o tempo todo, mas, como expressão, como destampamento de algo que dói, diminui de fato a sua profundidade.
Mario Sergio Cortella
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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.
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