Existe uma cautela que não é inteligente, aquela que nos leva à imobilidade. Mas a cautela inteligente também pode ser entendida como pensamento estratégico em algumas dimensões ou retardar algo do ponto de vista tático; saber resguardar-se quando não é adequado ir adiante, ter uma virtude muito importante em qualquer atividade, que é a prudência.
O escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), na primeira parte de Dom Quixote, fez uma reflexão que nos leva a pensar.
Apesar de imaginarmos Dom Quixote como alguém intempestivo, que saía com seu cavalo e sua lança enfrentando os moinhos de vento, ainda assim, há várias falas que Cervantes colocou para Dom Quixote que são densas nessa questão da prudência.
Uma delas é: “Retirar-se não é fugir, nem esperar é cordura, quando é perigo, é maior do que se esperava”. Retirar-se, nesse caso, é um sinal de inteligência.
Diz Cervantes: “É sábio guardar-se de hoje para amanhã para não se arriscar todo num dia só”.
Desse ponto de vista, muitas vezes o recuo em uma ação, em um pensamento, em uma discussão, não é sinal de fuga ou de cordura (isto é, de ser cordeiro, aquele que se comporta de maneira acovardada), mas, ao contrário, pode ser uma manifestação de inteligência estratégica, aguardando o momento mais propício do que aquele que se apresenta.
Texto escrito pelo…
Mario Sergio Cortella
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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.
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