Para nós que estamos o tempo todo correndo, trabalhando e estudando, parece que o burnout chega silenciosamente, mas só parece. Hoje em dia percebo que ele foi desenvolvendo-se através do acúmulo de pequenos desgastes diários. O cansaço que se torna uma bola de neve. Um dia você volta para casa do trabalho cansado (a), no outro dia também, e de repente você já se acostumou a sentir-se esgotado (a) diariamente.
FUNÇÕES NA ÉPOCA
Em 2012 Eu era gerente comercial e administrativa em uma empresa de engenharia e em paralelo a isso empreendia. Sempre empreendi em paralelo ao trabalho principal. Trabalhava muitas horas nessa empresa porque eu sentia precisar, ia para casa e continuava a trabalhar em meus empreendimentos, que na época eram dois. Além disso, eu estava fazendo faculdade, me mudando para uma casa nova, do outro lado da cidade e tentando me adaptar a uma vida a dois. A pressão disso tudo era grande na época, pois eu precisava aparentar ser mais velha para que as pessoas me levassem a sério. Essa era a minha mentalidade. Então me cobrava muito.
Já em 2018 eu trabalhava em uma startup na cidade de São Paulo, Capital. Após 16 anos morando no Rio de Janeiro, retornei para minha Cidade Natal. Neste cenário também morava do outro lado da cidade. Acordava às 5h00 da manhã todos os dias para conseguir chegar antes do horário combinado, pois era assim que o diretor esperava dos colaboradores. Chegava muito cedo, saía tardiamente e ficava até de madrugada quando era preciso ficar no happy hour da empresa. Sim, os sócios obrigavam os colaborares a ficarem no happy hour, pois afinal de contas, eram de lá que saíam os bons insights, segundo eles. Além de tudo isso, trabalhava aos finais de semana ou pelo menos ficava em alerta, pois também éramos obrigados a responder nos grupos de Whastapp e Workplace da empresa os “bons insights”. Essa cultura de startup tóxica, em que precisamos “ter cabeça de dono”.
OS SINTOMAS
Na primeira vez, em 2012, eu tive dores no peito muito fortes. Crises de ansiedade, angústia, tonturas, insônia, náuseas, perdas de memórias do que eu tinha acabado de fazer, me explodia com as pessoas facilmente, mas nada chegou perto das crises de pânico. Tive duas crises assim, bem memoráveis. Foram horríveis, a sensação é a de que você vai morrer! Se eu pegasse uma condução que começava a lotar, eu já começava a entrar em desespero. E por causa disso, já desci do ônibus em lugares perigosos.
Em 2018 eu me sentia incapaz de fazer as coisas. Me sentia impotente, exausta. Não adiantava passar o feriado descansando, por exemplo, pois eu continuava muito cansada. Adoecia por muitas vezes, tinha fraqueza, insônia, angústia, enxaqueca, ansiedade e a sensação de que ia ser mandada embora a qualquer momento, isso só aumentava meu medo. Aliás, eu vivia com medo.
AJUDA PROFISSIONAL
Em 2012 fui por várias vezes no hospital quando estava com crise de ansiedade e dores no peito, mas como os médicos não achavam nada anormal, me falavam que eu estava bem e me mandavam para casa. Todavia, continuei buscando alguma ajuda.
Fui ao cardiologista, endocrinologista e também ao neurologista. Ao entrar no consultório do cardiologista, o mesmo não entendia o que uma mulher de 22 anos fazia ali, até medir minha pressão, já a neurologista me pediu uma série de exames para fazer, os quais estavam todos ok. A endocrinologista constatou por exames que a minha tireoide estava regulada, uma vez que eu estava em dia com a medicação (Puran T4), devido o hipotiroidismo (Tireoidite de Hashimoto).
Após todos os exames estarem em dia, a endocrinologista me recomendou um psicólogo. Tentei fazer algumas sessões, mas infelizmente não me senti bem com o método, e principalmente porque a psicóloga ficava olhando para o relógio o tempo todo…até achar um profissional legal. Em complemento disso tudo, conheci o Yoga e a meditação, no qual me ajudaram muito neste processo e posteriormente às terapias integrativas (aromaterapia, florais de Bach, shiatsu e outros).
Em 2018 fui parar no hospital por estar passando mal. Os sintomas eram muitos estranhos. Era uma mistura de exaustão com sono, enjoo no peito e fraqueza. Após esse dia, busquei ajuda profissional novamente e retornei às terapias integrativas, às quais acabei deixando de lado por um momento, devido o trabalho tomar todo meu tempo. Em ambos os casos nunca tomei remédios, apenas vitaminas para o cansaço mental.
Após muito tempo tentando descobrir o que estava acontecendo, a endocrinologista me recomendou ir ao psicólogo, pois ela tinha a suspeita de era a Síndrome de Burnout. Isso foi constatado por um psicólogo na sessão de psicoterapia na época (2012).
TEMPO DOS TRATAMENTOS
Em ambos duraram alguns meses, pois infelizmente precisei focar minha atenção ao trabalho, pois se eu não trabalhasse, não conseguiria resultados. Em 2018, por exemplo, devido a minha crise na qual parei no hospital, fui dispensada logo em seguida, e isso gerou ainda mais estresse.
AINDA FALTA DIVULGAÇÃO SOBRE O ASSUNTO
A minha sensação é de que nada existia em 2012. Eu nada via sobre o Burnout. Parecia que eu estava inventando coisas ou fazendo corpo mole, segundo os julgamentos alheios. Em 2018 já havia algum conteúdo, mas ainda, sim, parecia um grande tabu. Parece que não podia falar sobre isso, principalmente nas empresas como nesta última.
Me senti muito frustrada por muito tempo por não ter lido relatos, o que fazer, como fazer nem nada do tipo. E após ter passado por tudo isso calada, ainda sim sentia precisar começar a falar sobre o tema, mas eu também sentia receio por sofrer algum tipo de retaliação. Até que demorei para começar a produzir conteúdo neste sentido, mas uma hora não deu e foi mais forte do que eu (risos).
Senti fortemente em começar a fazer conteúdo para, de alguma forma, auxiliar alguém que estivesse passando por esses processos e não soubesse o que fazer. É desesperador não saber o que fazer, ou ainda, ser julgado por fazer corpo mole e por isso não receber a ajuda necessária. Atualmente falo sobre o tema no aplicativo do Insight Timer, mas também em um novo Canal no Youtube chamado No Caminho do Autoconhecimento. Hoje em dia percebo que o autoconhecimento é um processo no qual precisamos cuidar e nutrir diariamente para manter todas as áreas de nossas vidas bem.
PRECONCEITO
Na primeira vez, (2012), recebi muito apoio e ajuda, sem dúvidas. Da forma que tinha e como dava (sem conhecimento sobre Burnout), mas ainda, sim, recebi. Já na segunda vez (2018), sofri muito, pois as pessoas não entendiam ou não queriam entender. Startup tem muito jovem, que tentam inventar a roda do milagre da manhã, em que você precisa acordar de madrugada, ser produtivo 24 horas por dia, receptivo 7 dias por semana, trabalhar com o famoso “sangue nos olhos” e ter “cabeça de dono”. Na primeira oportunidade que tiveram, me dispensaram sem pestanejar, mas me pagaram uma pequena indenização porque, segundo eles, eu “vestia a camisa da empresa” e a tratava (a empresa) como um filho.
BURNOUT E O PASSAR DO TEMPO
Existem momentos em que preciso trabalhar e me dedicar muito mais do que em dias normais. Atualmente empreendo 100% do meu tempo e por incrível que pareça, trabalho muito, mas não até chegar à exaustão. Todavia, me monitoro, pois sei que já tenho essa pré-disposição de “burnoutar”.
O QUE FAZER
Em primeiro lugar, respire fundo e pegue mais leve com você! Eu sei que os dias estão cada mais desafiadores e muitas vezes pesados, acredite eu sei, mas precisamos trazer a calma para dentro de nós. E, na verdade, ela já reside em nós. Para acessá-la, precisamos aprender a nos silenciar. No acalmar. Aprender a fazer essa re-conexão nos fortalecerá mental e emocionalmente. Buscar ajuda profissional é fundamental, por isso busque! Em complemento a isso, faça atividades que lhe dão prazer, seja uma caminhada, corrida, esporte, dança, ler um livro, pintar, cantar, conversar com pessoas legais, enfim, encontrar algo novo que lhe dê prazer. Você também poderá recorrer às terapias integrativas, como aromaterapia, terapias florais, meditação, yoga, shiatsu, acupuntura e outras terapias dentro da MTC (Medicina Tradicional Chinesa), mas lembre-se de que isso precisa ser um complemento com seu tratamento principal, por um psicólogo ou psiquiatra, dependendo dos casos. E o mais importante: Acolha-se, ame-se e cuide bem de você. Sei que precisamos e queremos cuidar de terceiros, mas se não estivermos bem, não cuidaremos de ninguém.
Nutrindo a saúde mental no trabalho é um curso para pessoas à beira de um burnout.
É importante compreender que o burnout se dá por inúmeros fatores, desde um trabalhador que se sujeita a trabalhar constantemente, exigindo-se ao máximo, a uma cultura empresarial tóxica. E infelizmente este último é o que mais existe atualmente. Em consequência disso, muitas pessoas triplicam sua jornada de trabalho por medo de uma demissão….e ela pode ocorrer mesmo assim. Na verdade é o que mais acontece.
Por isso, é importante que você nutra a ti mesmo. Cuide de sua saúde integral em primeiro lugar, para que aos poucos vá mudando a mentalidade sobre trabalhar até chegar à exaustão e principalmente, em procurar um local de trabalho que seja mais saudável onde levam a cultura a sério para com seus colaboradores.
Neste curso, oferecido através da plataforma do Insight Timer, ajudo você nesses primeiros passos. Aprenda a cuidar de você e a refinar o seu caminho do Autoconhecimento.
Acesse o curso: https://insighttimer.com/br/cursos/course_nutrindo-a-saude-mental-no-trabalho