As inquietações de Sonio

As inquietações de Sonio

Sonio é um menino pequeno e inquieto. Andava com o pai numa praça de elefantes, aonde os animais eram comprados para servir no exército, nas derrubadas de árvores ou na mineração. Um elefante com cerca de três a seis mil quilos, servia para carregar ou arrastar muito peso. Nos combates eram guerreiros poderosos, conduzindo, sobre o pescoço, arqueiros certeiros e mortais. Foi a surpresa de Alexandre, o Grande, teve o seu momento de pequeno em batalhas no interior da Índia. Viu o seu exército ser destroçado pelo ataque de uma ala de elefantes. Um elefante de 2.700 quilos tinha um preço, o de 360 arrobas mais caro; e um enorme, de seis toneladas, bem mais caro. Sonio, curioso:

– Pai, como é possível pesar um elefante?
– Dentro de um barco, sem outra opção. Coloque o elefante dentro do barco que vai afundar na água com o peso do animal. Quando o barco estabilizar, marque com um risco o calado da embarcação, a altura em que está a água.
– Confuso?  Esperes.

– Em seguida retira o elefante do barco. Encha o barco com pedras até a marca do calado do barco. Retire as pedras e pese-as. Achareis o peso do elefante.
– E porque um copo tem mais água do que um oceano?
– Astuto. Um copo com água, oferecido a quem está tórrido de sede é um ato de valor eterno. As águas do oceano podem secar.
– O papagaio apagou o incêndio da floresta?
– O ocorrido foi contado assim: na grande floresta vivia uma família de papagaios. Dia seco, com muito calor. O vento balançava o bambuzal que respondia com gemidos e ais. Os caules se esfolavam, atritando uns com os outros, de onde veio a fagulha que o vento forte levou e transformou em labareda ensandecida ateando fogo na mata acuando pessoas e animais no alarido dos estalos. O papagaio fugiu com a sua família, mas não conseguiu deixar para trás outros pássaros e animais ameaçados pelo incêndio. Voltou, mergulhou no rio e saiu voando sobre o fogo, sacudindo as penas jogando gotas de água nas labaredas que corriam com o vento queimando tudo.

– Por muito tempo mergulhava na água e repetia a tentativa de salvar a floresta e os seus habitantes, querendo apagar as chamas com as gotas das suas penas. Já se sentia exausto, a desfalecer, vendo o  deus dos ventos a admirar a sua boa ação, mesmo que infrutífera;  o ser recolheu as suas abas, voou em redemoinho, arrebanhou as nuvens e escureceu o tempo, sobre a terra  despejou água torrencial em abundância, alagando o solo, espargindo a as brasas.  A determinação abnegada do papagaio comoveu a natureza e ela veio ao seu auxílio; a chuva apagou o fogo; os bichos e pássaros se salvaram. Tenha abnegação em tudo o que você fizer de bom na vida.

– Como aprender a aprender?
– Sempre quando advertido de seus erros, preste atenção e melhora sua conduta. Não sejas insensato, se a sua má fraqueza é apontada, não despreze o aviso, não faça descaso. Se assim agir, continuarás a repetir os mesmos erros. Observe e reflita, para corrigir a você mesmo.
– Posso construir um prédio começando pelo terceiro andar?
– Não é recomendável. Comece pelo alicerce, primeiro e segundo pavimentos, assim terás a estrutura para o terceiro pavimento. Mas na vida há muitas pessoas sofrendo por querer, sempre, começar a casa pelo telhado. E por ora ficamos por aqui. Conversaremos mais.

S.Soares
Filósofo, educador e escritor.

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