Arquitetos fazem ‘cartilha’ para colaborar na redução da disseminação do coronavírus

Arquitetos fazem ‘cartilha’ para colaborar na redução da disseminação do coronavírus

A pandemia de coronavírus tomou conta das discussões em todas as áreas. As primeiras recomendações quando se fala do assunto é evitar aglomeração, fazer isolamento social e higienização de ambientes, para evitar o contágio da doença. Mas como fazer isso em ambientes onde convivem muitas pessoas? Para responder a esta questão e dar dicas que podem colaborar para reduzir a disseminação do vírus, o presidente do IAB/RJ (departamento do Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil), Igor De Vetyemy, promoveu na terça-feira (dia 17/03), uma mesa redonda virtual, com a participação de profissionais da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), da Fiocruz e do próprio IAB, parceiro do Rio Capital Mundial da Arquitetura.

O grupo de profissionais elaborou uma série de dicas simples e mais complexas para ambientes domésticos e de saúde, entre outros. As recomendações vão desde a ventilação natural dos ambientes e superfícies e organização de espaços de isolamento em casa, até a utilização de maçanetas e torneiras que permitam a abertura com o cotovelo.

EM CASA E NO LOCAL DE TRABALHO:

-Ventilação Natural – O ambiente interno contribui para a proliferação de qualquer tipo de bactéria, germe inclusive o vírus corona. Ambientes ventilados é sinônimo de ambiente seguro.

– Ar interno – Purificador de ar de preferência com luz ultra violeta, carvão ativado e filtro HEPA de maior eficiência. Esse cuidado aniquila bactérias, germes e vírus do ambiente.

– Na entrada de casa, comércio ou trabalho, álcool gel para as mãos.

– Separar um local na entrada da casa ou do trabalho para os sapatos, esses carregam germes do ambiente externo para o ambiente interno.

Em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS):

– Refletir o controle de acesso da equipe de saúde, administrativa por biometria através das digitais. Pontos de funcionários digitais também demandam filas.

– Lembrar da higienização das EAS que fazem uso dos crachás para o controle do público.

EM CASA:

-Ventilação natural em todos os cômodos (portas e janelas abertas)

-Maçanetas que possibilitem abertura das portas com o cotovelo

– Torneiras com alavancas que permitam o acionamento da água através do cotovelo

– Colocação de prateleiras com álcool em gel a 70% ou vasilhame com suporte do mesmo em locais estratégicos como o hall do elevador, entrada da casa, cozinhas e sanitários.

– Em caso de pacientes que apresentam sintomas da doença, o isolamento do mesmo em um cômodo da casa, separado dos demais membros da família,  pode ser feito mantendo a porta aberta e criando uma barreira técnica por meio de uma pequena mesa ou biombo que impeça a entrada de outra pessoa no recinto sem a consciência da necessidade de não tocar nos objetos utilizados pelo paciente.

– Utilização de materiais e mobiliários de fácil higienização. Se for necessário reduzir temporariamente o número de móveis e objetos no cômodo.

– Utilizar cartazes e sinalização que alerte o usuário da necessidade da lavagem de mãos e higienização dos utensílios constantemente.

– Colocação de suporte para papel toalha na cozinha e banheiros.

EM EAS:

– Adaptação de leitos de internação comum por meio da criação de barreiras técnicas provisórias com biombos e EPIs (Equipamentos de proteção individual) permitindo que a equipe esteja atenta e se paramente antes de entrar em contato com o paciente.

– Sistemas de abertura da porta com cotovelo ou com os pés.

– Instalação de pias para lavagem de mãos em corredores e hall de acesso principal.

– Colocação de álcool em gel nos controles de acesso e de ponto dos funcionários, em todos os leitos de pacientes, sejam eles de UTI ou comum.

– Prever ventilação natural ou sistema de ar condicionado com renovação de ar.

– Afastar as poltronas em salas de espera

– Criar esperas em áreas externa e jardins

EM MORADIAS COMPARTILHADAS COM IDOSOS:

– Restringir a circulação do idoso na residência

– Manutenção diária de higienização e desinfecção das superfícies no espaço reservado para o idoso

– Separar um sanitário da residência para uso exclusivo do idoso, mantendo controle diário de higienização e desinfecção.

– Manter o ambiente com circulação de ar natural (retirar todas as cortinas).

– Promover a iluminação natural para produção da vitamina D (retirar cortinas)

– Servir a alimentação adequada no próprio ambiente reservado para ele, evitando que o idoso circule, desnecessariamente, na residência.

-Separar utensílios para uso exclusivo do idoso com higienização adequada.

– Disponibilizar água dentro do ambiente para manter o idoso hidratado.

– Controlar o acesso de pessoas ao quarto do idoso e as pessoas que acessarem deverão manter um protocolo de acesso como higienização das mãos, proteção da face e distanciamento seguro.

– Estimular o idoso com ferramentas que ofereçam mensagens positivas.

MELHORIAS HABITACIONAIS EMERGENCIAIS EM ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS:

-Garantir ventilação dos ambientes, principalmente os ambientes dormitório, e as áreas molhadas (cozinha e banheiro);

-Caso os ambientes não possuam janelas, mesmo que de forma improvisada, sem esquadria, fazer abertura do vão (1x1m) e fechamento com microtela perfurada (mosquiteiro ou galinheiro);

-Limpar  uma vez por dia o chão com detergente, saponáceo ou água sanitária diluída em água;

-Casas com doentes ou com pacientes no grupo de risco respiratório não devem ficar em casas com problemas de umidade. Caso a casa tenha problema crônico de umidade, faça uma canaleta ao redor de toda a casa, impermeabilizando a canaleta para impedir o acúmulo de água nas paredes. É necessário remover todo o revestimento da parede e aplicar produto impermeabilizante direto sobre a alvenaria. A aplicação pode ser tanto pelo lado interno quanto externo do ambiente. Isso vai controlar a umidade durante o surto de corona;

-Substituir algumas telhas de fibrocimento ou cerâmica por telhas translúcidas, para aquecer o ambiente e assim evitar a umidade no interior das casas;

-Separar a pia de lavagem da pia ou tanque de serviço. Abrir um ponto de água só para lavar sapatos e roupas que entram em contato com a rua;

– Estabelecer horário de uso do banheiro dos doentes com coronavírus em casa, após o uso do banheiro ele deve ser higienizado com produtos de limpeza e álcool 70%;

-As pessoas infectadas com coronavírus devem dormir em quarto ou ambiente específico, a fim de manter o isolamento e melhor higienização da casa.


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS: O PAPEL DA ARQUITETURA E URBANISMO

NA PRODUÇÃO DE ESPAÇOS EM BENEFÍCIO DA SAÚDE PÚBLICA

Nesse grave momento vivido pelo país, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal (CAU/UF), no Dia Mundial da Saúde (7 de abril),  vêm a público para manifestar sua solidariedade com a sociedade brasileira e, em especial, com os familiares das vítimas do novo coronavírus e, ao mesmo tempo, posicionar-se sobre o papel da Arquitetura e Urbanismo na preservação da Saúde Pública e da qualidade de vida das cidades.

Para o enfrentamento imediato em defesa da vida, o CAU ratifica o isolamento social recomendado pela OMS, baseado em critérios técnicos e científicos, e aconselha o mapeamento das áreas vulneráveis das cidades, de forma a criar uma rede de cooperação entre os diversos níveis de governo, objetivando levar de imediato a ajuda vital a quem precisa. Tais ações devem ser atreladas à necessidade de salvaguardas sanitárias, de políticas enérgicas de planejamento urbano e infraestrutura.

A pandemia do Covid-19 escancarou as grandes dificuldades sanitárias e de controle epidemiológico em nossas cidades, em boa parte caracterizadas por enormes deficiências das condições das habitações, inexistência de espaços públicos adequados, falta de equipamentos comunitários e serviços urbanos e de infraestrutura nas periferias, além de assentamentos subnormais. 

Diante desta crise este Conselho chama atenção para o quadro de precariedade da moradia da população mais carente, que tem efeitos diretos na saúde de seus moradores,  pois o tamanho reduzido dos cômodos, a falta de ventilação e iluminação naturais, a má localização (morros e regiões alagadiças), a coabitação acima de padrões aceitáveis e o sistema inadequado de coleta e tratamento de esgoto e abastecimento de água, facilitam a propagação das doenças transmissíveis. 

Para superar as adversidades, torna-se urgente a implementação de ações que garantam condições dignas de moradia e habitabilidade. A estruturação de um plano nacional de Assistência Técnica Pública e Gratuita em Habitações de Interesse Social (ATHIS), baseada na Lei 11.888/2008, somada à continuidade e ampliação do Minha Casa, Minha Vida, integrando-se estas ações às políticas de planejamento urbano, de mobilidade e de saneamento, garantiria a melhoria das condições de saúde das cidades brasileiras. É imperioso que o Ministério do Desenvolvimento Regional assuma urgentemente a ATHIS como Política de Estado, tal qual o Sistema Único de Saúde (SUS), exemplo de gestão compartilhada do território no âmbito da saúde.

Da mesma forma é fundamental a pronta retomada dos programas de urbanização de favelas, a intensificação da regularização fundiária e a execução de programa habitacional que garanta o acesso da população de baixa renda às áreas com infraestrutura consolidada, medidas essenciais para o bem estar da população, o que é também o objetivo final das políticas sanitárias.

Além dos benefícios para a Saúde Pública, esse conjunto de ações teria um forte impacto na Construção Civil, grande geradora de empregos e fonte de renda para milhões de brasileiros. Nesse âmbito, sugerimos às autoridades medidas estruturais de espectro nacional que alcancem efetivos resultados em toda cadeia produtiva da Construção Civil, garantindo, assim, emprego e renda às centenas de profissões que nela atuam, entre elas os arquitetos e urbanistas.

Para fazer frente às possíveis dificuldades econômicas que poderão afetar a vida e o exercício profissional dos arquitetos e urbanistas autônomos e os escritórios de arquitetura brasileiros, o CAU está imbuído na criação de um programa nacional de recuperação financeira do setor que ofereça linhas de financiamento com bancos públicos,  de modo a garantir que o segmento se mantenha organizado para atender as demandas da sociedade. Na mesma linha de atenção aos profissionais, o CAU já tomou as providencias para a flexibilização e prazos de pagamento de anuidades e débitos junto ao Conselho

Não dá mais para esperar. É preciso transformar de imediato nosso ambiente construído em cidades e habitações saudáveis. Fiéis à sua missão de servir a sociedade, o CAU/BR e os CAU/UF se colocam a disposição das autoridades governamentais, como parceiros e apoiadores técnicos, para o enfrentamento dessa crise inédita e a mitigação dos efeitos maléficos de nosso processo de urbanização. 

Brasília, 7 de abril de 2020

fonte: https://www.caubr.gov.br/

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