Conhecida como a doença do século, pois as particularidades da modernidade líquida nos destoa do presente e todo o aprofundamento na qual tange seu caráter. Portanto, a ansiedade é análoga a um bote em alto mar, guiado sobre o vórtice da correnteza, onde a transição entre o que ja passou e o que está por vir guia todo o seu trajeto. O sofrimento por antecipação do vir-a-ser (futuro) e a estagnação deste pelas coisas do passado, impedem o foco e a aproximação do agora— seria uma negação do presente, caros filósofos? Seu efeito acarreta numa angústia bestial, pois, sofrer por eventos que não existem, é estar situado em um plano indomável e, consequentemente, a adoção de práticas e condutas abstratas frente a agonia.
Estamos diante de uma época pobre de especialistas e ricos de informantes dilacerados, fragmentados; informações pífias, prontas para aliviar nossas vontades efêmeras — e a consciência da efemeridade dos desejos, através de práticas efêmeras, é saber nos colocar frente a nossa assustadora, primitiva e incerta insaciabilidade. O século da modernidade disponibiliza meios, a todo momento, capazes de ordenar e classificar nossas condutas e sensações, através das redes e de outras plataformas de mercado, desafinando nossas faculdades intelectivas, e nós, coadjuvantes de um jogo de mundo no qual não jogamos —no qual lucra com nossa capacidade de ansiar o tempo todo— orbitamos sem perceber. O efeito é a plena dependência desses meios em detrimento às relações de mundo, sobretudo, humanas.
Qual seria, então, a sequela agravante numa situação onde nos encontramos trancafiados, em quarentena, sozinho, fora dos holofotes da vida, frente a uma cultura que nos ensina a dependência dos meios para edificar as relações?
Leia mais, medite, contemple o silêncio; abrace e apaixonem-se pela angústia, pois ela nos arremata as nossas limitações mais singulares e, por efeito, ao Eu mais existente.
Aproveitem, especialmente, os presentes presenteados pela beleza perplexa do…
…presente.