Pare quem não vive aqui é difícil acreditar nos últimos acontecimentos, mas isso é compreensível afinal “vivemos na maior floresta tropical do mundo, o berço riquíssimo de um bioma extraordinário – portador de riquezas inigualáveis desejadas pelas maiores potências desse planeta”. Termos como “ o pulmão do mundo” descrevem um pouco dessa natureza. E muitos do além-mar pensam: como é possível poluição nesse lugar? E as secas, junto à fome, miséria e falta de água? O que acontece?
Primeiramente há de se entender que nós, amazônidas, assim como os brasileiros de forma geral, somos aclimatados em um ambiente de “politicagem viciosa”, sinônimo de troca de favores, de beneficiamento de amigos e familiares; da defesa do interesse, sobretudo pessoal e perpetuação na política .Esse negócio de democracia, de interesses coletivos e difusos, da meritocracia fica somente no papel, na lei e nos sonhos – com raríssimas exceções!
A dança das cadeiras ocorre a cada 4 anos. A síndrome da politicagem é esperta! Enfraqueceu primeiro a educação e os resultado estão aí: 64 no ranking educação, professores ganhando menos que deputados e senadores (vejam que na Suécia é o inverso). De resto, as consequências na precariedade da saúde, do meio ambiente, cultura, economia…E a fábrica de alfabetizados e analfabetos funcionais cresce em números e deixa a desejar em qualidade: presente valioso em anos eleitorais!
Segundo, não perderei meu tempo aqui enviando a presente opinião, fruto de indignação, para jornais locais ou mesmo nacionais, afinal boa parte desses recebem recursos dos governos, aí penso: “será que darão a verdadeira cobertura dos acontecimentos , apontando responsabilidades ou simplesmente amenizarão na presente crise, expondo os fatos de uma forma leve e branda para não incomodar os parceiros”?
A Amazônia é Amazônia desde que o mundo foi criado. Períodos de vazante e cheia, mesmo as mais severas, são plenamente identificados de forma antecipada pela atual tecnologia disponível. Ainda assim os órgãos responsáveis negligenciaram as medidas preventivas e a região foi duramente castigada. Nosso sistema já deveria estar adaptado e preparado para isso.
Os órgãos são lentos para dar respostas urgentes por aqui . Falta água, falta alimento, falta comida, falta emprego…falta saúde. Porém, quando um membro ou familiar da casta da “politicagem” adoece é prontamente transferido para o Hospital Sírio Libanês, Abert Einstein ou para os Estados Unidos – basta acompanhar a cobertura midiática. Por que eles não usam o Sistema Único de Saúde que administram? Afinal, muitos se vangloriam em suas máquinas de propagandas que suas administrações valorizam o SUS.
Manaus com frequência atinge a pior qualidade do ar do mundo em consequência das queimadas. Onde estão os ditos defensores do meio ambiente? Calaram-se! Onde estão os artistas de Hollywood e celebridades internacionais que tanto falam em defesa do meio ambiente? Sumiram!
A solução para a Amazônia e para o Brasil é essa: reforma política, educacional e eleitoral (íntima e moral sobretudo). Acabar com o vício da politicagem. Porém, como esse é um bolo grande e saboroso, onde suas fatias gordas são distribuídas para “os amigos”, dificilmente será aceita pelos detentores do poder. E a Amazônia padecerá pelas secas, fumaça e falta de ar logo em breve, até mais rápido do que se imagina.