Um casal e três filhos à espera de mais um irmãozinho: esse era o resumo da família Santos há nove meses. Tudo mudou no dia 21 de setembro, quando Ezio Carlos dos Santos, jardineiro de 46 anos, sofreu um acidente de trabalho. Enquanto podava um coqueiro, caiu da escada de uma altura de quase dois metros, bateu a cabeça e teve um traumatismo craniano.
Elaine Cardoso dos Santos, de 39 anos, estava grávida quando o acidente aconteceu. Desde então, a rotina da família se divide entre casa e hospital. Ezio foi submetido a cirurgia, retirou a estrutura óssea do crânio e tem graves sequelas.
Poucos após o acidente, a mulher matinha esperança de que a recuperação fosse rápida. Ezio, depois da cirurgia de cranioplastia, ainda movimentava o lado esquerdo. Não conversava, mas ria, chorava, pedalava com a ajuda de fisioterapeutas. Surgiu então uma hidrocefalia, que gera pressão na região da cabeça, e desde fevereiro o jardineiro passou a regredir.
Hoje, Ezio não consegue se movimentar e se alimenta por sonda. Durante toda a gestação, Elaine, que é cabeleireira, mesmo com todas as dificuldades, conseguiu conciliar os cuidados com o marido, que demanda atenção integral, o trabalho e os três filhos, de 19, 10 e 4 anos.
No dia 21 de abril, exatamente sete meses depois do acidente, o filho mais novo nasceu. Ezio não participou diretamente do nascimento do caçula, mas passou aquela noite em claro, porque sabia que seu filho iria nascer.
“Ele interage com piscadas. No dia do parto, meu filho contou que ele não pregou o olho. Esses dias eu coloquei pela primeira vez o bebê no colo dele, com muito cuidado, e depois perguntei se já podia tirar. Ele piscou duas vezes, que quer dizer não”, contou Elaine.
Para tentar minimizar as sequelas, a cabeleireira tenta arrecadar R$ 50 mil para uma nova cirurgia de cranioplastia, mas agora com outro tipo de material. “Eu quero fazer pelo particular por ser o material 4D, que é diferenciado. Pode dar errado? Pode. O médico já foi curto e grosso. Se der errado, posso perder R$ 50 mil, mas eu quero tentar”.
A cirurgia pode diminuir a pressão que Ezio tem na cabeça, que é muito forte. Dessa forma, alguns comandos podem ser retomados, embora os médicos não tenham sido claros em relação à recuperação. “Disseram que o Ezio é uma caixa de surpresas e que não há nenhum paciente como ele, então é por minha conta e risco”, falou a mulher.
De repente, tudo mudou
A rotina é cada vez mais desgastante desde que o marido sofreu o acidente, mas os dias ficaram ainda mais curtos para Elaine depois que o bebê nasceu. Ela garante que nunca passou pela cabeça desistir, mas admite que é complicado dar conta de tudo.
“Teve um dia que tive que trocar os dois (o marido e o filho) quase que ao mesmo tempo. O bebê começou a chorar, minha cabeça começou a rodar, e eu sozinha… Depois que eu ganhei o bebê, confesso que surtei nas primeiras semanas. A minha pressão subiu muito, não queria baixar, fiquei na Santa Casa o dia inteiro”.
A irmã de Elaine ajuda todos os dias, seja nos cuidados com Ezio ou com as crianças. O filho mais velho, que já não mora mais com os pais, também é essencial – foi ele quem socorreu primeiramente o pai, já que eles trabalhavam juntos com jardinagem.
Ainda que com a ajuda da irmã e do filho, Elaine ressalta que não é uma rotina fácil. “Eu até fui ao médico, disse que não sabia o que estava acontecendo, porque nunca fui assim. Eu olho para o bebê e choro… Olho para o meu marido e choro… Para a parede, e choro… Muita dor de cabeça, esquecimento… Estou com medo, tenho medo de ficar doente porque todo mundo depende de mim”.
O pai faz falta também para os filhos. A cabeleireira afirmou que Ezio sempre foi um ótimo pai, e que os filhos estão abalados por tudo o que aconteceu: fechados, abatidos, em negação e com muitas saudades.
“Minha vida, em meio dia, do nada, se transformou literalmente. Nós éramos muito reservados. Eu vir minha vida exposta totalmente, porque eu preciso dessa exposição, já que estou com as contas todas atrasadas, é muito difícil. Quando ele trabalhava, e eu também, a gente tinha uma renda boa. Agora sem, a gente tenta economizar como pode… Antes as crianças ainda comiam o que queriam, mas agora é complicado, e elas não entendem, né?”, desabafou Elaine.
A família precisa de ajuda. Para doações, um PIX foi criado: PIX/Celular: 16992526193
VAQUINHA PARA CRANIOPLASTIA(ACESSE E CONTRIBUA SE POSSÍVEL)