Mario Sergio Cortella e um de seus excelentes textos sobre “Acaso ao nascer”.
Uma frase que muita gente já disse em discussões com os pais ou com a família é: “Eu não pedi pra nascer”. Evidentemente, a própria pessoa que ouve a frase pode dizer: “Nem eu”. Aí vamos recuando a pergunta até os confins das origens humanas.
De fato, não se pediu para nascer, e essa condição nos coloca um dado especial: a vida é uma gratuidade, no sentido de que ela é uma oferta em que as pessoas não fizeram a demanda em relação a isso. Evidentemente que a expressão “não pedi para nascer” quer significar, para quem a diz, que não é responsável pelas coisas que estão acontecendo ali; “afinal de contas, o que posso fazer?”, fala, “a vida é assim”.
O pensador espanhol do século XVIII Francisco de Quevedo, na obra Vida de Marco Bruto, que nós ainda chamamos de Brutus (um dos assassinos de Júlio César), diz uma frase que nos ajuda bastante: “O nascer não se escolhe, e não é culpa nascer do ruim e, sim, imitá-lo”.
E a culpa maior é nascer do bom e não imitá-lo. O que significa que a boa gênese, o bom nascimento, a boa possibilidade de seguir adiante é aquela que não se pediu para nascer, mas no que nasceu naquele ambiente, naquela família, naquele grupo, é preciso afastar o que dessa genética, dessa origem, é ruim, e imitar o que é bom.
Mario Sergio Cortella
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Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro mais conhecido por divulgar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea.
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