Um rico, pobre, magro, gordo, branco, negro, analfabeto, estudado, a pessoa que formos; estamos todos presos a essa roda que se chama vida. Ninguém escapa desse ciclo: nascer, viver e morrer. Tudo o resto é irrelevante. O tempo passa pra qualquer um e, a vida presente na qual cada um está inserido, também é única e não pode ser revivida outra vez. Mesmo que haja outras reencarnações a um ser humano, nunca iremos encontrar o mesmo ambiente e as mesmas pessoas da “vida passada”. Serão outras experiências bem diversas das quais podemos viver “nessa vida”. Quando assistimos a um mesmo filme novamente, apesar dele ser exatamente igual, nossas experiências, percepções e aprendizados são totalmente novos.
O que se fazia ou a forma como vivíamos no passado vai sendo alterado dia após dia. A sociedade nossa de cada dia é cada vez mais veloz, complexa e incerta de se viver. O próprio consumismo e o descarte dos bens, é cada ano mais dinâmico e “moderno” do que era a um ano atrás. A obsolescência programada chega a ser tão infalível que mais parece ser a “descartabilidade direcionada ao chegar em casa”. É uma roupa que se desfia com facilidade sem nem usá-la, um tênis que se descola quase sem colocá-lo nos pés, um armário que não aguenta o seu próprio peso vazio e as portas já vão se quebrando (quem dera colocar algumas roupas dentro dele, e pensar que é para isso que o compramos). O mundo como conhecemos a um tempo atrás já não existe e nem volta mais, e o mundo de hoje logo não existirá também. Cataclismos climáticos (estiagens, enchentes, temperaturas extremas, tsunamis, terremotos, furacões), doenças, fome, miséria, falta de água, tudo isso e mais um pouco, será cada vez mais frequente e presente.
Nossas vidas nessa Terra, no final das contas, tem sido sempre recheadas de ansiedade, medo, preocupação e inquietação por tudo que pode nos acontecer depois de agora. O que nos deixa “loucos por dentro”, apesar do nosso esforço em nos mantermos calmos, seguros e normais por fora muitas vezes, é a inconstante do que pode nos ocorrer no futuro, segundo a segundo, dia após dia. Ninguém consegue programar o dia e/ou o horário da morte: “só vou morrer no ano que vem no dia e na hora tal”. Somente isso já deveria dar um basta em todos nós, para sermos humildes, empáticos, fraternos, amorosos de verdade uns com os outros e com a nossa morada, nosso mais nobre lar, o planeta.
Em vez de cultivarmos hábitos saudáveis, apenas cultivamos hábitos que nos adoecem: em vez da ambição associada a criação e partilha da riqueza; apenas o egoísmo, o acúmulo e a concentração de riqueza baseada na competição e exclusão dos que ficam “para trás”. Deveríamos nos perguntar, o que é ir pra frente na vida, que tantos de nós falamos!? De que vida necessariamente estamos falando? Haverá divisão de classes sociais (e status social) e de renda, no céu ou no inferno? Não adianta acharmos e pensarmos que vamos morrer por último, porque não é nós que fazemos a “lista de chamada” e nem de “espera”. Talvez essas sejam umas das poucas coisas que o homem não se gave de fazer, porque, o que ele puder dizer “eu faço”, mesmo tendo ínfima participação e decisão dele, ele sempre irá falar.
Ficar quieto é o que menos se faz nesse mundo. Mesmo que falar demais não nos renda nenhuma força extraordinária/sobrenatural, crescimento intelectual/espiritual a nosso favor. A superioridade imaginária que pensamos ter nesses casos, desaparece rapidinho, quando somos colocados à prova por uma doença, desastre financeiro entre outras intempéries da vida. Na “maré baixa”, o monólogo interior diz: como somos frágeis!
É por causa desse comportamento de status quo, ou da necessidade da aprovação alheia que, a maioria dos homens que viveu ou ainda vive na Terra (no caso nós também), tem uma doença enraizada neles, dificílima de curar, a qual se chama “ego dominante”. Esta doença (“ego inflamado ou inchado”) causa muita dor em quem padece do mesmo! A pessoa que o tem em desequilíbrio, não consegue se calar por nenhum momento. Ela deseja sempre que o outro ceda em algum ponto, colocação, posição ou opinião, menos ela mesma.