Em uma tarde de brincadeiras no quintal as crianças em uma traquinagem infantil arrancaram alguns galhos do meu amado pé de mini rosas.
Passado-se alguns dias as folhas secaram e caíram, as rosas se despetalaram e aquela plantinha já não era mais a mesma, pobre roseira, será que viverá? Pelas manhãs a regava e em determinados dias a chuva também ajudava a molha-la, assim decorreram-se algumas semanas e lá estavam brotinhos de folhagem onde os galhos haviam sido arrancados, novos botões estavam desabrochando por todo o pé, com mais alguns dias as rosas se abriram e o verde da folhagem era mais vivo do que nunca, a renovação estava concluída.
Não pretendo de forma alguma reduzir o ser humano a uma simples roseira, mas preciso dizer do quão importante é reconhecer na natureza o ciclo da vida, e aprender abundantemente com ele.
Isto posto, convido vocês a buscar em suas memórias quantos momentos de nossas vidas tivemos certas coisas arrancadas de nós, quanto isso nos fez sofrer, “murchar”, chorar, e implorar que fosse trazida de volta, pois a verdade é que não sabíamos se sobreviveríamos sem aquilo que acreditávamos ser essencial.
Quantas chuvas caíram sobre nós e em nossa ingenuidade achamos que seriam unicamente para nos afundar ainda mais no sofrimento.
E então descobrimos o contrário, depois de uma longa fase que parecia interminável, de arranca, murcha e chove, eis que o dia renasce com um lindo sol e em uma manhã a renovação se conclui, o que achávamos ser tão essencial já não faz mais sentido, pois ali, novas coisas nasceram, novos brotos, projetos, sonhos, um novo olhar sobre a vida se fez.
A chuva foi tão importante nesse processo, nutriu as raízes, firmando nossas certezas, lavou os galhos, limpou corpo e alma, levou embora junto com a água corrente nutrientes que não precisávamos mais, tudo que era bom, mas já não bastava, nos dando a chance de conhecer novas fontes de energia. Só aí, depois de descarregadas as nuvens pesadas, o sol se abriu e auxiliou o novo desabrochar para o mundo, com cores mais radiantes, com novo frescor e amor sobre a vida.
Assim são as fases, existem coisas que precisam ser tiradas, mesmo sem permitirmos, mesmo que por um tempo nos faça sofrer, mesmo que acreditamos que não sobreviveremos sem elas, pois é só daí que virá a renovação necessária.
A morte está entrelaçada em cada parte da vida, por mais que tentemos negar está é uma realidade, para que o novo nasça o velho tem de morrer, toda morte traz vida e toda vida traz morte, e diante desse ciclo infinito, o sofrimento é um grande condutor, que nos leva de encontro a nós mesmos e nos obriga a nos confrontar para decidir o que deixaremos para trás e o que levaremos adiante, são essas fases que nos dão a oportunidade de realmente conhecer quem habita em nós, descobrir que nossas flores, nossa essência, podem ser ainda mais lindas do que imaginávamos, nossa capacidade e força ainda maior do que acreditávamos ser.
E é a partir daí que estaremos novos para a ação. A renovação estará concluída!
Autora: Francine dos Reis Silva – Psicóloga.
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