A prisão e o mundo irreal nosso de cada dia

A prisão e o mundo irreal nosso de cada dia

Precisamos “enxergar” que, nosso planeta vem sendo comido, literalmente, pelo consumo dos recursos naturais e, logo mais, (se sobrevivermos é claro), nem haverá pedaços de planeta não comidos pelo homem, para podermos ver como a Terra era no passado. A mineração, a extração de petróleo e a indústria associada, formas poluentes de energia, nossa produção agrícola de rapina, nosso descarte descontrolado de resíduos e, nosso excremento no ambiente, nos colocam cada vez mais na vanguarda de humanidade “evoluída e excelsa”.

As porções de ambiente ainda preservados são cada vez mais raros. São pequenas amostras em pouquíssimos lugares. O que há em muito maior quantidade, isso sim, são áreas degradadas e abandonadas, à própria sorte da mãe natureza (espoliada, violentada, estuprada).

            A modernização atual pode ser boa, mas a questão é, para quem? Pois, cerca de 70% da população mundial, está vivendo em condições de sub-humanidade, em favelas e em periferias das cidades. Quantas pessoas, do campo e da floresta, foram empurradas para os grandes centros urbanos, na era da industrialização? E hoje, na era da informação e do aumento sem precedentes da tecnologia, para onde esse povo todo irá correr?

            Isso tudo vem acontecendo porque, não existe apenas uma humanidade e sim duas, a super-humanidade e a sub-humanidade. Do mesmo jeito que sempre fomos servindo voluntariamente a outrem na “vida civilizada”, fomos nos alienando cada vez mais do único organismo que fazemos parte, a Terra. Não existe Terra e humanidade e sim, apenas natureza. Nós somos parte da natureza e as rochas, montanhas, vegetais, são nossas irmãs e amigas; o vento, o rio, e os demais animais, nossos irmãos e amigos.

Enquanto “a humanidade” continuar desprezando e se distanciando do seu lugar de origem, se iludindo com as “pregações da grande mídia e outros meios de comunicação desinformativos”, vai ficar cada vez mais alienada e doente, pra tomar bastante “droga das farmácias”. E assim, irá viver sempre nas “nuvens coloridas desses ambientes artificiais construídos”, pelas mesmas megacorporações que, “devoram” nossas florestas, montanhas, rios, e tomam conta da “nossa Terra”, pra nunca mais voltarmos a ela.

            A polarização extremista de fatos, acontecimentos, e comparações excludentes das dualidades naturais existentes em nossas vidas, que no final são apenas complementares (homem-mulher, dia-noite, chuva-sol, campo-cidade, terra-água, entre inúmeras outras) nos incapacita de termos uma existência plena e bem sucedida. Nossa forma limitada, pouco ampla, cartesiana de apreender, que se estende à todas as áreas do saber, nos aprisiona em “um mundinho irreal, criado apenas para nosso bel prazer”. Uma moeda não tem apenas dois lados, cara e coroa, tem também a borda dela.

“Nunca escapamos da corrida dos ratos (em suas gaiolas)”. O mundo em que estamos aprisionados, é um mundo faz de conta, porque a soma das partes isoladamente não forma o todo. Precisamos entender as interações entre as partes (termos visão holística) para, sermos mais pacíficos e menos daninhos em nossas ações, as quais são tão agressivas e nefastas ao nosso Planeta e a nós mesmos.

Na área ambiental, um exemplo da nossa visão deturpada das coisas é, quando colocamos os resíduos e o lixo na rua, pensando que o caminhão de recolhimento desaparecerá com eles. Não existe ainda (e possivelmente nunca existirá) caminhão “mágico” do lixo, o qual, é capaz de fazê-lo “sumir”, pra “nunca mais incomodar ninguém”. O mundo é um só, e o lixo sempre vai parar em algum lugar. O resíduo apenas troca de endereço. Nada desaparece ou se perde, tudo é transportado, ou é colocado, de um espaço em outro.

Na área alimentar e da saúde, sempre ignoramos a origem do que comemos, como, onde, quando e por quem foi produzida a nossa comida. Confiamos única e exclusivamente na data de validade, nos selos de certificação, nos rótulos de ingredientes e tabelas de informações nutricionais, achando que somente a embalagem diz tudo. O alimento que vem dentro não tem a mínima importância. Daqui a algum tempo (falta pouco pra isso acontecer), iremos comer o selo, o rótulo ou a embalagem, e jogar fora a comida ou o alimento.

Partindo para a área econômica e social, geralmente temos o seguinte quadro, o qual se repete seguidamente na história: enquanto a imensa maioria da população, em muito maior número, nunca se organiza ou se junta, para defender e exigir os seus direitos, uma ínfima e pequena minoria unida, independentemente do discurso e/ou promessas, consegue destruir uma nação inteira, através de corrupção, endividamento do Estado, gastos maiores que as arrecadações e, muita “farra, festas, regalias.

A população, “alimentada com a política do pão e circo”, e vítima de um mesmo algoz em comum, prefere ficar entretida, brigando entre si, com coisas sem importância, tal como, qual time de futebol é o melhor, “qual diploma dá mais dinheiro depois”, qual partido político tem a bandeira mais bonita, ou, qual religião é capaz de levar-nos direto para o céu, do que ter iniciativa própria de defender-se a si mesma.

A reclamação a posteriori é geral, mas ações concretas não fazem parte do nosso dia a dia. Fala-se tanto em tecnologia atualmente, mas pra quê ela serve de fato, e para quem ela mais beneficia!? Mahatma Gandhi (1869 – 1948) desencadeou uma enorme desobediência civil conjunta (resistência não violenta), sem precedentes na Índia, numa época em que não havia a tecnologia de hoje (imagina o que poderíamos fazer então utilizando-a a nosso favor), que não existe paralelo na história humana conhecida, e ninguém aprendeu nada!

A desobediência civil generalizada, organizada e ordenada, de ninguém pagar determinados impostos, tributos ou contas, por um determinado período na nação inteira, não daria uma queda de braço legal aos cofres públicos!? Ou deixaremos tirarem tudo de nós, para depois nos contentarmos (brigando até o ponto de nos matarmos) com apenas algumas migalhas que sobrarem!? Se é que sobrarão algumas.

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