A Percepção do Holocausto pelos traços de Art Spielgman

A Percepção do Holocausto pelos traços de Art Spielgman

Olá caro leitor, espero que esteja em um ambiente confortável, pois hoje iremos falar um pouco sobre a obra de Art Spielgman. Editor da revista “The New Yorker” de 1993 a 2003, é co-fundador e editor de Raw, ilustrador e cartunista, seus desenhos foram exibidos em galerias e museus. Em 1992, Art ganhou o prêmio Pulitzer.

Art ficou bastante tempo trabalhando com editor na revista, e neste tempo as ilustrações das edições dele foram extremamente marcantes. Mas, isso é apenas um detalhe, o que me levou a escrever um pouquinho sobre o Art, não foi seu trabalho na revista “The New Yorker”, mas sim seu quadrinho.

“E AQUI MEUS PROBLEMAS COMEÇARAM”

Vamos falar um pouquinho da obra desse polonês.

Maus é uma HQ diferente de tudo que você já leu, no Brasil ela foi publicada pela editora Companhia das letras, no selo quadrinhos na cia. Editora que carrega em seu catálogo grandes nomes da nona arte como, Will Eisner, Craig Thompson, Joe Sacco, Fábio Moon e Gabriel Bá. Bom, mas falando de Maus, se trata de uma HQ semi auto-gráfica, que retrata o Holocausto, e em minha opinião foi a narrativa mais precisa do que foi a opressão nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Ou como diria o Wall Street Journal: “a narrativa mais comovente e incisiva já feita sobre o Holocausto.”

A HQ é bem escrita, o roteiro é intrigante e bem dinâmico. A arte é expressiva e carrega traços fortes com bastante sombreado, e é totalmente em preto e branco. Quanto ao enredo, trata bastante da relação pai e filho, explora temas como xenofobia, intolerância e violência. Apesar da história retratar o inicio da Guerra, exige um mínimo de conhecimento do contexto histórico.

A HQ é uma conversa entre Art e seu pai, Vladek. Como diz na HQ, Maus trata da história de um sobrevivente, a historia traz a tona diversas questões morais e políticas do que aconteceu nos campos de concentração de judeus. Na segunda parte da HQ, “e aqui começam meus problemas” é tudo bem chocante e bem comentado. Bem difícil não se emocionar.

Spielgman retrata os nazistas como gatos, os Judeus como ratos, os poloneses como porcos e os americanos como cães. Todos são terrivelmente humanos” - The Times

É uma leitura um tanto quanto necessária. Não apenas por diversão ou passatempo. Mas como educação, como principio, para lembrarmos o quão vulnerável o ser humano é a maldade. É bem comum ter obras sobre a grande guerra, mas da forma que fez Art, foi única.Ninguém o fez. Ele desenhou o que foi um dos mais terríveis atos da historia. Logo no inicio do livro há uma famosa citação do autor do holocausto: ” Sem dúvida, os judeus são uma raça, mas não são humanos”. A frase dita por Adolf Hitler não saiu da minha cabeça durante o livro todo. Tudo que acontecia durante um capitulo me lembrava desta frase. Ela é a síntese de toda a insanidade que representa o preconceito, a exclusão e todos os demais atrasos mentais que ainda existem na sociedade.

Não foi Art quem teve a ideia de colocar Judeus como ratos. Na Alemanha nazista, era bem comum propagandas retratando a expansão do povo judeu com a proliferação de ratos em esgotos. Assim como a mente de qualquer fanático, o primeiro passo para convencer-se de que está do lado certo, é demonstrar e caracterizar o “inimigo”, como tudo, menos um ser humano. E a visão de diferença, de discriminação é extremamente perigosa. Ela promove por si só o conflito.

A função de Maus é mostrar algo que a gente prefere ignorar. Que este comportamento insano e nocivo de Nazistas, não foi uma exceção ou um fato isolado na historia. Ele é decorrente em pequenas situações do dia-a-dia. Em diversos lugares do mundo a onda do nacionalismo e radicalismo têm se tornado real, o preconceito tem se tornado apenas uma discussão empírica, enquanto a consequência da prática, ocorre na nossa frente. E nós constantemente negamos a realidade. Ler maus já é um bom começo para entender a realidade.

Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

Siga nosso insta @PensarBemViverBem





Deixe seu comentário