A justiça não é cega, é vesga

A justiça não é cega, é vesga

É de conhecimento geral da nação que a lei da relatividade não só permeia mas rege o sistema de administração social chamado justiça. De acordo com cada situação examinada a trilha do julgo que leva ao veredito, adapta-se habilmente aos moldes que melhor lhe acolher a conveniência deixando claro que seu contexto gravita no mundo do vale quanto pesa, afinal seu principal pressuposto é “O pau que dá em chico, nem sempre serve para Francisco”, nisso consiste a citada lei da relatividade. Se não fui claro até aqui, vou tentar ser mais preciso, observe as regras, critérios e definições quanto ao humilhante salário vulgarmente conhecido sob o pseudônimo de “mínimo”. Ele sempre é corrigido anualmente pelos poderes governantes de forma a se utilizar da autoridade dominante como forma de manter a grande parte da população ainda mais dependente e sem força como estratégia de domínio. Agora observemos quem decide a correção da remuneração dos integrantes da classe política, isso mesmo são os próprios, que se prevalecem do poder para legislar em causa pessoal ferindo e contaminando o terreno de onde deveria está plantada e cultivada a suposta justiça.


Esse foi só um ínfimo exemplo, para não tornar a leitura fatídica adubando a revolta que nutre o brasileiro comum que em maioria a população de um país tão rico sofre pelo tratamento da desigualdade que ceifa vidas tirando a dignidade mínima de uma vida decente e humana.


Ostenta-se um discurso de democracia propagando a desigualdade, postula-se a liberdade com tratamento recheado de hostilidades, assume através do usucapião os recursos dos trabalhadores para subsidiar uma economia que embala ladeira a baixo cada vez mais veloz impulsionada pela gravidade dos desmandos. Enquanto isso na sala de justiça ou no gabinete do ódio os dias tornam-se cada vez mais asfixiantes para as pessoas comuns ignorada pela figura da deusa Têmis que usa venda nos olhos para não ter que assumir o ônus das consequências por não julgar com equidade. Traz em uma das mãos uma balança para representar o mundo do vale quanto pesa e na outra uma espada que significa “O pau que dá em Chico, nem sempre serve para Francisco”.


Têmis em sua bagagem composta pela espada e a balança mostra uma realidade que dá significado ao sofrimento de um povo marcado pelo ferro da desigualdade e o chicote do descaso auxiliado pela venda que supostamente deveria lhe tirar a visão, mas que parece servir para esconder seus olhos vesgos e não ter que revelar sua imperfeição.

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