Sabe-se que a sobrevivência das pessoas vai muito mais longe do que apenas a produção e acesso de alimentos. Ela reside também, na prestação de serviços para a sociedade em geral; condições de moradia, vestuário, lazer, saúde, educação, segurança; cuidados com a água, o solo, o ar (serviços ambientais), na conservação da paisagem natural, das espécies animais, vegetais e na cultura passada de geração para geração.
Não é só nas plantações diversificadas e criação de animais domésticos que viemos perdendo conhecimento ao longo da história, mas também nas próprias construções. Por que temos de fazer todas elas usando apenas cimento e tijolo? Pode até ser a opção mais prática atualmente, mas não é nem a única e nem a mais barata! Existe atualmente, ainda mais de 1/3 da população mundial vivendo em casas de barro. Poderá alguém argumentar: “ah, mas são pessoas que não tem dinheiro para fazer uma casa melhor” Para alguns casos como no Nordeste e na África, até pode ser essa a explicação. Mas, no entanto, para a maioria dessas pessoas, não! Nos EUA e na Europa há muitos ricos que constroem casas de barro, com paredes portantes ou não, e com fardos de palha.
Poderia então, alguém dizer, “mas barro não dura tempo”. No Brasil, em Minas Gerais, nas cidades de Ouro Preto e Diamantina há casas de taipa de pilão ou pau-a-pique (trama de madeira ou bambu com barro) com mais de 300 anos de idade. No Iêmen, a cidade Shibam, chamada de “Manhattan do deserto” possui quase 1700 anos de idade, e contém prédios de 4 a 8 pavimentos, todos feitos com barro.
As casas de barro possuem o melhor conforto térmico do que qualquer outra. Conservam o calor interno na construção no inverno e o ar fresco no verão. O barro absorve umidade em excesso do ambiente e devolve a umidade ao ar quando está seco.
Logicamente que há vários detalhes técnicos ao se trabalhar com barro a serem observados, mas vem a ser como qualquer outro material de construção. O principal cuidado é com o teor de argila e areia que o barro deve conter. O teor de areia deve ser em torno de 30%. Partindo dessa mistura básica, procede-se a testes no local para verificar se o barro “racha” muito e se ele não perde resistência à tensão. Pode-se deixar secar de um dia para o outro e observar. Para o reboco se usa apenas argila ou com bem pouco teor de areia e se faz uma espécie de pasta, usando algum ingrediente que confira dureza e plasticidade (efeito selante) à mistura. Com cal e barro são feitas várias tonalidades de cor para usar como tinta.
A maior resistência das pessoas frente às crises financeiras e a tecnologia que exclui a mão-de-obra sempre seria o acesso a coisas concretas e não imateriais tais como dinheiro eletrônico sem lastro algum. O acesso à terra e algumas ferramentas para pequenos trabalhos manuais (para si ou para outros) seria sempre algo estratégico. A comercialização por meio da troca de produtos e serviços é outra alternativa. A venda direta entre agricultores e consumidores proporciona um fortalecimento das atividades rurais e a certeza de termos alimento no futuro. Pois se não existir mais agricultor algum…muito menos haverá comida de verdade, exceto a artificial. Em muitos locais já existem feiras nos municípios ou vendas nos domicílios. O preço dos produtos vendidos de forma direta ao consumidor permite uma agregação de valor aos mesmos, por todo esforço realizado na produção, e que não ficará nas mãos dos atravessadores, os quais não lidam com todos os riscos das intempéries climáticas que nem os agricultores.
Para fortalecermos o campo, o incentivo à produção de energias alternativas também precisa ser debatida novamente. Parece que a única atividade organizada no Brasil é o crime. Porque no geral, parece só haver desorganização e complicação. A burocracia no desenvolvimento de qualquer trabalho aumenta cada vez mais, aliado a um “fatiamento do saber” onde os diversos profissionais se “batem” uns contra os outros em vez de se ajudarem mutuamente.
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