Desde a antiguidade a felicidade é tema de discussão entre o homem. A Filosofia tem uma intensa busca por ela, e, talvez seja uma das questões existenciais mais profundas da Filosofia.
Epicuro, filósofo grego dedicou sua vida ao fortalecimento coletivo da comunidade, a união das pessoas e o exercício da filosofia. Para Epicuro, a felicidade é o propósito da vida.
Segundo ele, há 3 ingredientes para chegar à felicidade; os amigos, a liberdade e por fim uma vida bem analisada. Para os epicuristas, uma amizade é melhor que o amor, pois trata-se de uma alegria menos exigente e, portanto, mais tranquila. A lembrança do amigo nos consola mesmo na distância. A liberdade. Liberdade para ele era ter independência e ser autossuficiente, sem depender de chefes tirânicos para obter renda e principalmente não depender da opinião alheia. O terceiro ingrediente era a reflexão. Devemos reservar um tempo para fazer análises do que nos preocupa. Nossas ansiedades, segundo ele diminuiriam se nós damos tempo para pensar nelas, para isso devemos nos afastar do mundo comercial e refletir, somente naquela questão.
A doutrina de Epicuro é uma das propostas mais interessantes diante do principal problema da atual sociedade capitalista: O consumismo.
Um dos principais problemas do capitalismo é que ele nos coloca em uma posição de status muito semelhante a “você é o que você compra”. Epicuro acreditava que o maior problema do mundo comercial é a publicidade, pois ela nos faz acreditar que faltam muitas coisas em nossas vidas, além daquilo que realmente precisamos. O maior efeito disso é que a felicidade deixa de ser um momento ou uma condição e, passa estar atrelada a um objeto, hoje principalmente o celular.
Problemáticas como esta do consumismo surgem, e movimentos de oposição surgem também. O que vai se opor duramente ao consumismo, é um movimento chamado minimalismo, o qual é reunido de diversos conceitos filosóficos, entre eles o Epicurismo e o Estoicismo.
Assim como para os Epicuristas, os Minimalistas acreditam que precisamos viver somente com aquilo que é realmente necessário para viver e nada em excesso, com isto somos mais felizes, visto que temos menos preocupações, o pensamento é “quanto menos coisas, mais feliz”. As propostas desses ideais filosóficos não é abolir os bens materiais de nossas vidas. O próprio Epicuro acreditava que a liberdade financeira era um fator determinante para a felicidade, pois com ela não iriamos depender de ninguém. O que eles propõem é justamente um controle, de modo que vemos que as coisas mais importantes da vida não são as coisas propriamente em si.
Além do consumismo, a ansiedade também é um dos sintomas da sociedade capitalista. Epicuro, como dito acima trabalhou com uma doutrina em que dizia que, para ser feliz, devemos refletir e analisar nossa vida. A partir do momento em que o consumismo se torna o foco em nossa realidade e não a nossa própria vida, a ansiedade torna-se um fator corriqueiro em nosso cotidiano. Não é à toa que atualmente o mal-estar da civilização é a ansiedade. Ela também está ligada ao fato de que jovens passam metade dos seus dias em redes sociais recebendo milhões de informações, entre elas, novos produtos no mercado que outras pessoas têm e elas ainda não. Esta sensação de ter ou não ter, atualmente remete diretamente ao ser ou não ser. Visto que a sociedade contemporânea avalia muito mais as suas posses do que você em si. Já em Epicuro, como contraponto, a felicidade está em nós, nas pessoas que nos cercam e principalmente em nossas reflexões.
Talvez, a maior defasagem que rodeia a sociedade atualmente é a dificuldade de expressar, a mais simples forma de comunicação foi substituída pelo celular. Não é exagero dizer que, pessoalmente as pessoas não conversam mais, elas conseguem fluir de maneira melhor em uma conversa virtual. Preferimos, na maioria das vezes mostrar algo (seja por vídeos, fotos etc), a contar algo. Isto não é uma consequência direta do capitalismo, mas sim da materialização do ser humano. Estamos tão inertes a mudança que nem notamos isso.
Desta forma, a filosofia de Epicuro não se baseia na utopia, não se baseia no passado, ela se baseia na essência do logos. Deve-se compreender que ele não passou uma receita para a felicidade, mas um caminho, uma forma de lidar com as infelicidades que passamos ao longo da vida. A felicidade, é buscar prazer nas coisas simples, não se trata de uma busca exacerbada por bens materiais, mas sim um exercício de paz e tranquilidade na alma.
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