O atual cenário da vivência humana chega a causar perplexidade quando se faz uma parada estratégica para observar o comportamento das pessoas. Não incomum encontrar alguém falando sozinho em meio a multidão nas grandes metrópoles, a intolerância e impaciência nas escolas, no trânsito, nas reuniões, nos eventos, na família, no trabalho, nas práticas religiosas, em fim, seja qual for a situação de qualquer interação social ou mesmo quando em trato consigo mesmo, é notório e evidente um estado emocional alterado, perturbado, psicótico e desconexo com o equilíbrio funcional na relação mente e corpo. O ser humano fala excessivamente, impõe forçosamente suas razões demarcando território no terreno de seu argumentos sob a motivação da intolerância, achismo e vaidade. A palavra diálogo já não se traduz na prática esmagada pela disputa da voz e vez avassaladora que por consequência também destrói o verdadeiro conceito de escuta.
Parece paradoxal diálogo e escuta fora do contexto chamado convivência. O ser humano está tão necessitado de ser ouvido que já não percebe sua agressividade na forma de se expressar, que se manifesta como mecanismo de defesa de sua psique, que trás a reboque as consequência de surgimento da síndromes como: burnout (Esgotamento físico e mental oriundo das pressões do ambiente de trabalho), síndrome de borderline (constante atingimento de picos de estados extremos de humor), síndrome do pânico (ataques psíquicos de medos inesperados e sem razões relevantes) e tantas outras que veem surgindo criando uma demanda impulsionada pelas perturbações psíquicas que de alguma forma se faz presente na grande maioria das pessoas.
A escuta nesse cenário pode ser contextualizada como um ansiolítico natural, tão simples quanto eficaz, porém não é percebido em função do atropelamento emocional a que está submetido os integrantes de uma sociedade neurótica. A escuta gera sensação de acolhimento e atenção, justamente os pontos mais vulneráveis da psique humana. A escuta quando flutuante (sem objetivo específico, sendo total e incondicional), sem julgamento ou censura, quando embasada no apoio emocional, ela promove um resgate do falante com seu ego, um encontro dele com suas razões dentro de um processo catártico (Sensação de alívio, purificação).
Fica uma reflexão, será que quando falamos que são quatro os elementos da natureza para a existência da vida (água, ar, terra e fogo), não é coerente afirmar que em dias atuais a escuta pode ser considerada a quinta essência da necessidade humana ?
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