A doença de nossa sociedade está na falta de amor ao próximo. Isso se torna perceptível quando as ambições financeiras e pessoais se tornam o nosso principal foco, e o olhar para o outro, a empatia e a solidariedade são considerados obsoletos.
Ao realizar uma doação, muitas pessoas dão esmolas sem nem olhar para quem está recebendo. Veem aquele ser humano como algo desprezível, como um objeto de pena. O sentimento de empatia e compaixão já não existe em grande parte da sociedade. As pessoas olham, mas não enxergam os seres humanos deixados na sarjeta. Esses esquecidos do “mundo”, muitas vezes chamados de “esquecidos de Deus”, culpam a divindade pela falta de amor do próprio ser humano. Buscam culpar uma possível força sobrenatural em vez de olhar para si mesmos, analisar suas atitudes e tentar melhorar sua visão.
A humanidade se perdeu quando objetos inanimados passaram a ter mais valor do que um ser humano abandonado. Recusam-se a olhar para o outro e, quando olham, não conseguem enxergar humanidade. As pessoas passaram a sentir pena quando, na verdade, deveríamos sentir compaixão.
Enquanto nós, como sociedade, não aprendermos a virtude da empatia, continuaremos buscando culpados por aquilo de que nós mesmos somos responsáveis. Este texto não é sobre esmolas, mas sobre a falta de amor. Finalizo com uma pequena reflexão.
O ser que estava no chão
Aquele que neguei a mão,
Na verdade é um retrato,
Um retrato da minha visão.
Digo que amo ao próximo,
Mas nego o mínimo.
Não falo de doação,
Mas sim da minha própria visão.