A Beleza de um Corpo Imperfeito

A Beleza de um Corpo Imperfeito

O tempo passa, depressa e depressa, mal percebemos as grandes modificações que ele produz. Um dia jovem e no outro a maturidade batendo à porta e repleta de inquietações, desafios e até alguns arrependimentos. É como diz a música da Kell Smith: “é que a gente quer crescer, e quando cresce quer voltar do início! ”

Corpo e a alma acompanham a passagem do tempo de forma muito diferente, me parece que envelhecer é mesmo obra apressada só do corpo, que faz trocas duvidosas e até engraçadas, em especial para os olhos conservadores e limitados de uma sociedade apegada ao “eternamente jovem, eternamente belo”.

Assim, a covinha charmosa dá lugar a linhas de expressão ou por vezes um bigodinho chinês pedindo preenchimento. Para os olhos antes grandes e expressivos agora óculos para perto, óculos para longe.

No lugar da silhueta esbelta, ou do famoso tanquinho, uma pele mais flácida e dobrinhas, dobrinhas e muitas dobrinhas. Orelhas e nariz aumentados, mas no conjunto da obra o corpo esta é encolhendo!

Cabelos brancos ou calvície? Às vezes as duas coisas.Manchas na pele; será que foi o sol? Tudo pede hidratação profunda.
Roupas e sapatos também pedem novos números, é uma impermanência absoluta, nada permaneceu intacto.
Talvez você se pergunte, mas afinal o que sobrou de belo? E só um olhar aguçado permite que se perceba que em todas as estações há beleza e compensações.

Na lentidão dos movimentos, aprende-se a leveza. Os abraços são mais caros. Os olhares são demorados e fraternos, e as conversas falam muito mais de quem você é. Inquietações dão lugar a esperança e a certeza que tudo passa, tudo se resolve no tempo certo.

Ansiedade vira característica de juventude, aliás graças a Deus!
Rugas são histórias de vida, lutas e conquistas, tristezas e aprendizados, é preciso ter muito orgulho de cada uma, pois foram caríssimas. Certificado de vida ativa!
Mas, há que se cuidar do temperamento. Muito comum a expressão: virou um velho chato ou uma velha chata! Que nada, essa característica é de personalidade. Assim, se não quer ser um velho chato, não seja um jovem chato. Velhos chatos são jovens que envelhecem.

A beleza de um corpo imperfeito é tão presente e perceptível como a beleza da juventude, é simples e visível, basta um olhar atento, há muita beleza em toda parte.
A passagem do tempo deixa suas marcas, as vezes cicatrizes é bem verdade, impõe outros ritmos, solicita nova performance, mas é a conta que se paga pelas escolhas que se faz ao longo da vida. Boas escolhas hão de permitir uma velhice com mais leveza, com mais lucidez e com mais saúde. Já os excessos, o pouco cuidado com o ser integral que somos, corpo e alma, deixam marcas mais profundas e menos vistosas.

Mas viver é uma arte e como tal se aprende em qualquer tempo, e a dica é valorizar o hoje, o momento em que está em nossas mãos os resgates possíveis. Reconhecer a beleza de um corpo imperfeito é também uma maneira de se tornar a melhor versão de si mesmo.

Mariângela Carvalheiro
Psicopedagoga e graduanda em gerontologia

Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

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