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A Autonomia dos Cínicos

Nos dias de hoje intitular alguém de cínico é desvirtuá-lo, comparando com uma pessoa debochada, petulante, falsa e arrogante. Mas o Cinismo foi uma corrente filosófica, onde o propósito era viver sua filosofia na íntegra, de acordo com o que a natureza nos fornece e essa seria sua grande virtude. Seu nome foi criado por comparar os filósofos a cães; assim como eles, não possuíam bens, não tinham pudores, não se preocupavam com a opinião dos outros e eram autossuficientes.


Diógenes foi um grande representante do Cinismo, por levar seus conceitos ao extremo, a ponto de viver num barril e apenas portar consigo um bastão, uma lamparina, um saco e uma tigela.

Essa forma de viver foi seu jeito de protestar contra a ostentação de riquezas e corrupção de sua época. Costumava andar pelas ruas durante o dia com sua lamparina acesa e quando era indagado por isso, por estar com a lamparina acesa em plena a luz do sol ele respondia: – Procuro por um homem honesto.
De acordo com sua filosofia, todas as conquistas artificiais da sociedade como dinheiro, poder e status não conduziria o ser humano à felicidade e a moral advém de retornar à simplicidade da natureza.
Trazendo essa forma de pensar para os dias de hoje, em que a humanidade se esquece de suas formas naturais de ser, se importa mais com a economia do que com a saúde, estimula o consumismo desde a infância, segue em constante busca de status, dinheiro e poder no lugar da real felicidade, até que os pensamentos de Diógenes não estariam tão desatualizados assim.
Certa vez Platão o provocou enquanto o via lavando alfaces e disse: – Se você tivesse cortejado Dionísio (um tirano cruel), não estaria lavando alfaces agora. E veja o que ele lhe respondeu: – Se você lavasse alfaces, não precisaria cortejar um tirano.
Esse diálogo nos mostra claramente que Diógenes não se corrompia para caber no sistema. Preferia levar uma vida simples, de pobreza material, a ter que sucumbir às vontades dos outros para estar no poder. Por falar em sucumbir às vontades para estar no poder, certa vez Alexandre, O Grande, foi até Diógenes enquanto este se banhava ao sol e lhe falou: – Posso te oferecer todas as riquezas do mundo. Diga-me o que queres.
Diógenes simplesmente respondeu:

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