A Agricultura convencional nos levará à sepultura de forma silenciosa e prematura, se não reagirmos imediatamente

A Agricultura convencional nos levará à sepultura de forma silenciosa e prematura, se não reagirmos imediatamente

Atualmente, teríamos muito mais motivos para não usar os agrotóxicos (herbicidas, fungicidas, inseticidas e outros biocidas) do que usá-los. Por que então, ainda o fazemos!? O herbicida, que mata as ervas nativas, é usado sob o pretexto de falta de mão de obra e tornar o preparo do solo mais rápido e fácil. No entanto, os seus “benefícios” nunca compensarão os seus prejuízos à natureza (água, solo, ar, plantas, animais) e à humanidade. Nós não estamos fazendo agricultura de verdade (agro + cultura-sabedoria-consciência) e sim, só expoliação/extração e destruição batizada de agronegócio que é só agro + negócio. Lucro acima de tudo. É uma visão muito distorcida, pois sem a nossa Mãe Terra e seus recursos naturais conservados, ninguém viverá. O japonês Masanobu Fukuoka (1913-2008), propositor da agricultura natural, já dizia que, o objetivo da agricultura não pode ser apenas o cultivo de plantas e sim, o cultivo e o aperfeiçoamento dos seres humanos em primeiro lugar.

Um dos piores danos dos venenos é a morte do solo, exterminando todos os seres vivos ali presentes, desde bactérias aos fungos benéficos (micorrizas e actinomicetos) e inúmeros outros tais como as minhocas, colêmbolos, centopeias. Sem microorganismos que fazem a matéria orgânica pela ciclagem de nutrientes e decomposição dos restos vegetais, o solo fica compactado, sem aeração, sem fertilidade e sem a porosidade, tal como uma “esponja” igual a terra preta de floresta. A porosidade do solo é essencial para evitar a erosão, pois permite infiltração e armazenamento de água e não seu escorrimento.

Outro dano dos agrotóxicos é à saúde do homem pelos resíduos nos alimentos. Os herbicidas em geral, como o glifosato, formam complexos com os oligoelementos (cobre, cobalto, zinco, molibdênio, manganês, boro, ferro, níquel cromo, vanádio, selênio e outros), impedindo a sua absorção pelas plantas. Por que no cultivo da soja e já em outras culturas, a adubação foliar é tão necessária!? Todos os elementos deveriam estar no solo e ser absorvido pelas raízes, mas, com essa complexação, é preciso aplicá-los nas folhas.

Todos os alimentos assim produzidos ficam desmineralizados, desvitalizados, causando sérias carências nutricionais. Muitos desses minerais complexados pelos agrotóxicos são anticancerígenos naturais e como não estão mais nos alimentos, nossos sistemas imunológicos ficam frágeis para reagir contra as doenças.

O câncer já é hoje uma das maiores epidemias que existem. No Brasil, segundo dados do INCA, Instituto Nacional do Câncer, no ano de 2018 houve cerca de 600 mil pessoas diagnosticadas com câncer. Casos de mortalidade divulgados são apenas do ano de 2015, cerca de 200 mil pessoas. Mesmo assim, estimativa da própria Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que, em 2025, no Brasil, os casos de câncer crescerão ainda mais, em até 50%.

Até quando seremos cobaias de um modelo desumano de pensamento, agrícola, econômico, social e político que apenas centraliza o lucro e o poder em prejuízo da coletividade; em vez de delegar aos seus semelhantes tarefas, funções, oportunidades e com isso permitir acesso justo (de acordo com o esforço de cada um) aos recursos disponíveis?

A americana e bióloga Rachel Carson (1907-1964) já denunciou os riscos do uso de biocidas/agrotóxicos em 1962 quando publicou Primavera Silenciosa. No livro, relatava a mortandade de pássaros causada pela pulverização do inseticida dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) numa cidade dos EUA. Mostrava como o DDT penetrava na cadeia alimentar e bioacumulava-se nos tecidos gordurosos dos animais e do ser humano (aparecendo no leite materno), além do risco de causar câncer e outros problemas. Apontava ao mesmo tempo, alternativas ao uso dos agrotóxicos, como as soluções biológicas, onde um organismo controla o outro (inimigos naturais).

            Infelizmente, o ser humano continua com esse raciocínio pós 2ª guerra mundial de destruição e extermínio (patógeno, inseto, planta) sem querer analisar e compreender o estado do agroecossistema e a vitalidade do hospedeiro. Comparativamente e curiosamente é como ocorre na medicina convencional; pouquíssimas vezes se fala na qualidade do ambiente onde o paciente vive e o estado imunológico do seu organismo. Apenas procura-se extirpar o agente patogênico ou silenciar o sintoma de determinada doença, em vez de descobrir a causa da mesma.

            O ambientalista gaúcho José Lutzenberger (1926-2002) entendia que sem os equilíbrios naturais do planeta, o homem corre forte ameaça de extinção. O homem que não aprende a conviver com a natureza a sua volta, acaba com ela mais rapidamente do que a mesma é capaz de restaurar-se e proporcionar a vida. Exemplo: uma floresta leva quantos anos para se desenvolver? E em quanto tempo ela é colocada ao chão? E depois, em quanto tempo, degrada-se um solo que levou milhões de anos para se formar?

            Até hoje, mais de 500mil crianças vietnamitas nasceram com malformações e alterações gênicas devido aos venenos do agente laranja (2,4-D, 2,4,5-T, pichloram, entre outros) que foram aplicados nas florestas do Vietnã pelos americanos entre 1961-1971. Essa pulverização que visava desfolhar as árvores para identificar os soldados sob a vegetação contaminou toda a água e o alimento daquele país. Assim também, estamos nós, consumindo água e alimentos contaminados com uma miscelânea de pesticidas.

            Essa guerra química sem precedentes que estamos presenciando, só vai acabar quando a população mundial inteira se acordar da sua inércia e reagir. Martin Luther King (1928-1969) gostava de dizer que “a preocupação dele não era o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons”. Desde que o mundo existe é assim: sempre há uma minoria detentora do poder que dita as regras do “bem viver” para a maioria. Essa condição nos dá dois caminhos: “ou aprendemos a viver juntos como irmãos de verdade ou pereceremos como tolos”.

Leia nossa indicação e post “É possível chegar a perfeição do ser humano?”

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