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VAMOS FALAR SOBRE DEPRESSÃO?

Vamos falar sobre depressão_


Por que será que a depressão está acometendo tantas pessoas atualmente? Será por que antes não era um fenômeno tão discutido?  Por que era vista por muitos como um tabu? Ou por que agora com acesso as informações,  temos cada vez mais publicações do quantitativo das pessoas com depressão? O primeiro passo para respondermos a essas perguntas é entendermos o que é a depressão.

A depressão é classificada pelos manuais de transtornos mentais como uma alteração do humor de forma recorrente. Essa alteração, para além do estado de humor, o sujeito passa a ter uma modificação exacerbada da realidade e consequentemente nas suas atitudes diárias, como retraimento social, comportamentos suicidas, crises de choro, alteração do apetite, irritabilidade, sentimento de culpa, baixa libido,  etc. Porto ( 1999), classifica a depressão em sintoma, síndrome e doença. 

A depressão enquanto sintoma deriva das mais variadas particularidades clínicas, podendo ser de um quadro de alcoolismo, esquizofrenia, transtorno de estresse pós-traumático, como também devido à situação financeira, familiar e questões laborais. Já na síndrome, envolve alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas como o sono excessivo,  falta ou exacerbação do apetite. Como doença, é classificada pelo tipo clínico que se apresenta, por meio do transtorno depressivo maior, melancolia, distimia, depressão integrante do transtorno bipolar tipos I e II,  depressão como parte da ciclotimia, etc.

Posto isso, compreendemos que a depressão tem várias formas de se manifestar e deriva de múltiplos elementos. Podemos corroborar com vários autores como Tereza Pinheiro, Ana Maria Fernández e outros mais, de que a depressão atualmente é considerada como uma epidemia, um mal-estar do século XXI, e ainda, um fenômeno social do capitalismo.  Pinheiro (2014) salienta que esse fenômeno em 16 anos cresceu em 705% no Brasil e que a depressão contemporânea está ligada às questões de patologias narcísicas. (2017)

O que seria essa patologia narcísica? Se faz necessário salientar  que existem dois tipos de narcisismo, o saudável –considerado normal para o sujeito- e o patológico – não adaptável. Segundo Langaro, Benetti e Silvia (2014), o primeiro refere-se ao investimento de crescimento e conquistas pessoal e profissional, boa autoestima, iniciativa, criatividade  e bondade, porém pode apresentar aspectos negativos  que são a agressividade, impulsividade, falta de empatia e oscilações depressivas diante de alguma frustração.

No segundo tipo de narcisismo, se tem uma valorização grandiosa de si mesma e uma excessiva necessidade de amor e admiração, derivada a insegurança e baixa autovalorização,  e com isso ocorre a dificuldade de manter vínculos, desesperança, ausência de projetos futuros, lutos não elaborados e carências. Sendo que esses elementos estão relacionados com a constituição psíquica e ambiental de cada um e as consequências desses elementos gera um desajustamento psíquico no sujeito que poderá levar a depressão (LANGARO;  BENETTI; SILVIA, 2014). Ramos (2010), salienta que essas características narcísica,  é como um ego vazio que não ocorre um dialogo entre a realidade e fantasia, como acontece no narcisismo saudável.

Diante disso, podemos hipotetizar que a depressão se tornou um fenômeno mundial que está cada vez mais em evidencia no cotidiano das pessoas e nas mídias, ademais que cada século, época, contexto histórico produz seu sintoma. Nesse caso, a depressão vem como um sintoma do século XXI, derivada de múltiplos fatores causais. Em especial das desconstruções dos laços sociais, pois hoje as pessoas e as coisas são líquidas, não se tem mais consistência das relações e afetos -familiar, amoroso, social. As coisas  no mundo contemporâneo são imediatas; o que se valoriza é o TER e não mais o SER.

 Referências

LANGARO, Flávia Nedeff; BENETTI, SILVIA Pereira da Cruz. Subjetividade contemporânea: narcisismo e estados afetivos em um grupo de adultos jovens. Psicol. clin.,  Rio de Janeiro ,  v. 26, n. 2, p. 197-215, dez.  2014 .  

MONTES, Fernanda Ferreira. Entrevista com Dra. Teresa Pinheiro. Cadernos de Psicanálise-SPCRJ, v. 33, n. 1, p. 37-40, 2014.

RAMOS, Maria Beatriz Jacques. Narcisismo e depressão: um ensaio sobre a desilusão. Estud. psicanal.  Belo Horizonte ,  n. 34, p. 71-78, dez.  2010 

PINHEIRO, Teresa. . Depressão, a doença do século XXI. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/a-doenca-do%e2%80%a8-seculo-xxi/>. Acesso em: 06 mar. 2019

 

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